Pesquisa analisa representação de prostitutas na literatura brasileira do Século XX

bordagem da prostituição na arte é bem diversa e variada, com grande quantidade de novelas, filmes e livros que retratam a vida de personagens prostitutas. “Tieta do Agreste” (1977), de Jorge Amado“Canaã” (1902), de Graça Aranha; e “O Cortiço” (1890), de Aluísio de Azevedo, são alguns exemplos marcantes.

O Prof. Dr. do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), Douglas Rodrigues de Sousa, aborda essa temática na pesquisa “Cartografia da Prostituta na Literatura Brasileira do Século XX - Anos 1900 a 1920”.
 
A ideia é analisar a maneira como as prostitutas são representadas em livros publicados por autores brasileiros e maranhenses nos primeiros 20 anos do século XX. Para isso, um grupo de seis acadêmicos da graduação em Letras da UEMA, orientados pelo Professor Douglas, leram 14 obras publicadas de 1900 a 1920.


Canaã (1902), de Graça Aranha, e A Condessa Vésper (1901), de Aluísio de Azevedo, são algumas das obras analisadas na pesquisa
 
Os resultados revelaram que essa representação pode acontecer por meio da marginalização e degradação moral dessas personagens. E também de forma humanizada, com desenvolvimento de histórias que abordam as consequências da desigualdade social para as mulheres.
 
Outra questão destacada na pesquisa é a divergência na representação das prostitutas por parte de autores homens e mulheres.
 
Por vezes, autores homens tendem a construir essas personagens numa perspectiva mais marginalizada e alinhadas à uma visão moralista. Enquanto as mulheres focam mais no desenvolvimento psicológico das personagens, o que abre espaço para abordar dilemas internos e problemas sociais.
 
“A pesquisa adota uma concepção ampliada de prostituta, que não se restringe a mulher que comercializa o corpo. Mas também engloba aquela que perde a virgindade fora do casamento. Essa definição mostra como os discursos literários e sociais do período ampliavam o estigma de “mulher desviada”. Estudar as narrativas sobre prostitutas ajuda a compreender as raízes históricas da marginalização feminina e pode inspirar discussões contemporâneas sobre direitos, igualdade e inclusão social”, diz o Prof. Douglas.
 
Nessa primeira fase do estudo, foram publicados artigos científicos com tabelas catalogando personagens, enredos, obras e autores. As próximas etapas envolvem expansão para os anos de 1920 a 1950, também unindo crítica literária e estudos de gênero.
O projeto tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA).

Fonte  da  Noticia:rádio  Universidade  Fm 
 

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